1 de out. de 2013

"Sem saúde "

  História Relatada pelo Agente Comunitária de Saúde Raphael Silva
       Hoje, a nossa Clínica da Família continua com a série de relatos sobre as histórias dos maiores beneficiados da nossa unidade: Os Cadastrados. E para começar essa série de relatos, nada melhor do que uma história de conscientização e superação;




“Tenho 31 anos e sou professora de inglês em Madureira, há aproximadamente um ano comecei a ter sintomas como pressão alta, dores de cabeça na nuca”. Porem como sempre fui sozinha demais, nunca me importou. Sentia muito desânimo, insegurança, ansiedade extrema e tristeza com diversas crises de choro. Tal situação teve impactos negativos em minha vida, entre eles problemas no meu relacionamento amoroso. 

Pelo amor de Deus alguém me ajude!
Eu já paguei o meu plano de saúde
mas agora ninguém quer me aceitar
E eu tô com dô, dotô, num sei no que vai dá!

   Com dó da minha família, resolvi me internar numa clinica psiquiátrica. Com oito anos de tratamento e nada resolvido, resolvi fazer uma nova experiência de tratamento. Foi uma decisão muito difícil pra mim, pois lá eu não podia receber visitas e precisei ficar três meses até ganhar alta. No começo foi duro, pois a dose do medicamento triplicava e eu ficava totalmente dopada, tendo alucinações, coração disparado, escutando vozes. Meu desespero passou ser grande lá dentro, pois não conhecia ninguém e cada um tinha um problema diferente, ou dependência química ou alcoolismo e transtorno mental, de personalidade, ou depressão. Os dias foram passando e comecei a conviver com essas pessoas e ver que o meu problema não era o pior. 

Emergência! Eu tô passando mal
Vô morrer aqui na porta do hospital
Era mais fácil eu ter ido
direto pro Instituto Médico Legal

     Quando me internei, meu pai também se internou, pois estava com um câncer maligno generalizado então disse pra ele que ele ia me ver diferente e bem melhor, então minha força para estar lá dentro era dobrada pique havia prometido ao meu pai uma transformação e ali fiquei dia após dia. Enquanto me tratava lá, meu pai se tratava aqui fora e aquele hospital foi se tornando quase um lar pra mim. Fiz amizades, chorei sozinha, chorei acompanhada, tive minhas crises e os enfermeiros ficavam acordados para me cuidar, era um cuidando do outro e ao mesmo tempo recebendo noticias do meu pai todos os dias. Com o passar dos dias, o médico começou a me liberar aos sábados para ver meu pai, pois os estados dele era muito sérios então me buscavam e me levavam de volta. 

Porque isso aqui tá deprimente, doutor , Essa fila tá um caso sério
Já tem doente desistindo de ser atendido , e pedindo carona pro cemitério
E aí, doutor? Vê se dá um jeito! , Se é pra nós morrê nós qué morrê direito
Me arranja aí um leito que eu num peço mas nada , 
Mas eu num sou cachoro pra morrer na calçada

    Tive vontade de ajudar as pessoas, levei meu artesanato para dentro do hospital e o médico deu emprestou o maior quarto do corredor para usar. As pessoas ficavam entediadas, nervosas, descontroladas, pois não tinha o que fazer a não ser ficar sentadas, e com a ida do artesanato para lá elas se ocupavam e viam que tinham paciência e capacidade sobrando. Pacientes que não levantavam da cama, saíram para pintar. Achei que foram uma grande vitória minhas umas das maiores que já tive, pois eu lá internada precisando de tratamento consegui ajudar os outros, nossa muito maravilhoso. O tempo foi passando e eu lá, lembrava-se das palavras do meu pai. VOCÊ CONSEGUE. E eu consegui. 

Eu tô cansado de bancar o otário, Eu exijo pelo menos um veterinário
Me cansei de lero lero, Dá licença mas eu vou sair do sério
Quero mais saúde , Me cansei de escutar...
"Doutor, por favor, olha o meu neném!
Olha doutor, ele num tá passando bem!
Fala, doutor! O que é que ele tem!?"

   O dia que ganhei alta foi inesquecível até a hora que soube que meu pai havia falecido justo no dia da minha alta. Não pude falar com ele, não pude ver ele com os olhos abertos. Fiz o que ele pediu, mais perdi três meses da minha vida no hospital invés de estar do lado dele, cuidando dele.

   Comecei o acompanhamento na Clínica da família, orientado pelo meu agente de saúde, e com medicamentos antidepressivos, em cerca de um mês já apresentei melhora e hoje posso afirmar que a melhora obtida é de 100%. Durante todo o tratamento não senti efeitos colaterais. Após o início do tratamento fiquei muito mais tranquila, meu relacionamento com minha família melhorou bastante e com meu namorado também, é uma melhora de 100%!

“Uma vez, depois de um mês sem dormir,
fui fazer uma cirurgia
E só depois que eu enfiei o bisturi
eu percebi que eu esqueci da anestesia”

     Infelizmente reparei que só na dor, que descobrimos a força pra viver, Mas eu digo que nossas decisões refletem lá na frente e hoje estou bem melhor, ainda não curada, mas fiz uma escolha de me tratar e consegui vencer, todos podem vencer. Às vezes temos um problema e sofremos muito com ele, nos amarramos nesse problema a ponto de sofrer de maneira indigna, então temos que perder o medo e nos dar uma chance, e essa chance se chama viver.

Uma lição de vida para todos nós e até a próxima.

 * Os cadastrados tiveram seus nomes alterados para preservar a sua integridade.
* Musica citada: Sem Saúde - Gabriel, o pensador

       
Agente Comunitária de Saúde Raphael Soares da  Silva
Email: equipefubasm@gmail.com


Nesta História foi usado Nome fictício e as fotos é mera ilustração,
para preservar a imagem do Cadastrado.

Obrigado a todos.

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