História Relatada pela Agente Comunitária de Saúde Mariana de Cássia
Hoje, a nossa Clínica da Família continua com a série de relatos sobre as histórias dos maiores beneficiados da nossa unidade: Os Cadastrados. E para começar essa série de relatos, nada melhor do que uma história de conscientização e superação;
"Às vezes no silêncio da noite
Eu fico imaginando nós dois
Eu fico ali sonhando acordado
Juntando o antes, o agora e o depois"
Eu fico imaginando nós dois
Eu fico ali sonhando acordado
Juntando o antes, o agora e o depois"
Há pouco mais de um ano, comecei a conviver
com uma assustadora melancolia. meu marido passou em um concurso em outro
Estado. Apaixonada, larguei tudo para acompanhá-lo em nossa nova vida. A
euforia logo deu lugar à solidão. Passava muito tempo sozinha.
O
primeiro sintoma foi o isolamento. Quem me conhecia desconfiava da minha
ausência em festas e reuniões de amigos. Ficar em casa ouvindo músicas tristes
era o que me satisfazia.
Não
sei se a mudança foi a causa da tristeza que virou depressão, mas o certo era
que sentia uma dor imensa. Sentia tanta dor, inclusive física, pela somatização
de angústias, que no início, mesmo com a ajuda de um terapeuta, uma psiquiatra
e vários medicamentos, não conseguia me ver longe daquele abatimento.
Por que você me deixa tão solto?
Por que você não cola em mim?
Tô me sentindo muito sozinho
Por que você não cola em mim?
Tô me sentindo muito sozinho
Logo eu, que sempre fui reconhecida por ser
batalhadora, otimista e guerreira. Lembro que lá era um calorão e eu ia para a
cama e me cobria de cobertas às 20 horas. Era uma tentativa de me proteger da
dor.Acreditava que minha vida era como um teatro no qual eu inventava meus
personagens e apresentava uma péssima atuação.
Não sou nem quero ser o seu dono
É que um carinho às vezes cai bem
Eu tenho os meus desejos e planos secretos
Só abro pra você, mais ninguém
É que um carinho às vezes cai bem
Eu tenho os meus desejos e planos secretos
Só abro pra você, mais ninguém
Passei por tantos estágios de aflição, Acabei
buscando refúgio no álcool. Foi meu fundo do poço. Bebia e sentia culpa. Sentia
culpa e bebia. Tinha medo de descobrir que estava doida. Sentia que estava
sucumbindo, morrendo aos poucos. Cheguei a ponto de tentar suicídio.
Por que você me esquece e some?
E se eu me interessar por alguém?
E se ela de repente me ganha?
E se eu me interessar por alguém?
E se ela de repente me ganha?
Minha família sofreu junto comigo. Meu marido
não teve a sensibilidade de ver que eu precisava de ajuda, que acabei
encontrando com os amigos. O pior era
ter de tentar esconder isso de algumas pessoas, pois, passada aquela fase, como
os outros iriam me olhar? Como meus colegas de trabalho se refeririam ao
assunto? Com pena? Medo? É muito triste sermos julgados durante toda a vida por
uma fase. Hoje entendo que, quando meus problemas não são resolvidos, eles
tendem a me levar à depressão. Nesse aflitivo ciclo em que vivo, estou cercada
dos cuidados da família e de amigos. Minha depressão tem sido vencida e no fim
ela mesma encabula e sai correndo.”
Quando a gente gosta
É claro que a gente cuida
Fala que me ama
Só que é da boca pra fora
É claro que a gente cuida
Fala que me ama
Só que é da boca pra fora
Fiquei sozinha, abandonada, no fundo do poço.
Me mudei para Madureira e logo, com duas semanas de moradia, na minha pequena casa,
a agente comunitária veio me visitar.primeiro fiquei ressabiada, mas com
palavras de conforto, ela conseguiu primeiro me cativar, depois em ergueu,
cuidando da minha saúde e da minha auto - estima, sempre trazendo um profissional
diferente. Ate meu ex- marido resolveu voltar e me pedir perdão pro ter me
abandonado.
Mas assim como veio meu marido, veio a minha
auto estima e vontade de crescer. Resultado; a depressão ficou para trás, junto
com ex-marido, vida sedentária. Hoje faço caminhada, aulas de dança, dieta e
ainda saio para namorar. Tudo partiu daquelas palavras de incentivo daquela
agente ao qual sou grata até hoje...
Ou você me engana
Ou não está madura
Onde está você agora?
Ou não está madura
Onde está você agora?
O nosso país precisa tanto de pessoas como você!
Uma lição de vida para todos nós e até a próxima.
* Os cadastrados tiveram seus nomes alterados para preservar a sua integridade.
* Musica citada: Sozinho - Peninha
Agente Comunitária de Saúde Mariana de Cassia Costa e Silva
Email: equipedinisbarreto@gmail.com
Nesta História foi usado Nome fictício e as fotos é mera ilustração,
para preservar a imagem do Cadastrado.
Obrigado a todos.