Como se não bastassem as crises
de dor de cabeça, pessoas com cefaleias, principalmente a enxaqueca, apresentam
um risco maior de desenvolver outras doenças. Chamamos essa associação de duas doenças
que ocorrem no mesmo indivíduo de comorbidades. Elas também são caracterizadas
por dividir uma causa em comum. E quanto maior a frequência das dores de
cabeça, maior a presença de comorbidades. Neste artigo, vamos saber um pouco
sobre algumas dessas doenças associadas.
Dor de cabeça e distúrbios
psiquiátricos:
Pessoas com enxaqueca e cefaléia
do tipo tensional têm maior frequência de transtornos como ansiedade e
depressão, principalmente se apresentam dor de cabeça diariamente. Em pesquisa
realizada no Setor de Cefaleias da UNIFESP, foi observado também em crianças
com enxaqueca uma maior frequência de sintomas psicológicos como preocupação
excessiva, oscilações de humor e agressividade.
Dor de cabeça e distúrbios de
sono:
Insônia, dificuldades em manter o
sono com despertares recorrentes, mexer-se muito na cama, sonambulismo,
bruxismo, são distúrbios de sono mais comuns em pessoas com cefaleias, tanto em
adultos como em crianças. Também em pesquisa realizada na UNIFESP, crianças com
enxaqueca apresentaram uma diminuição do sono REM, fase do sono mais profunda
na qual sonhamos, comprovado pelo exame de polissonografia, o que pode provocar
dificuldades de atenção e memória e pior desempenho escolar.
Dor de cabeça e outras dores:
Pessoas com dor de cabeça
apresentam com maior frequência e intensidade outros quadros dolorosos como dor
lombar, tendinites, dor facial, e a fibromialgia, onde a dor acontece no corpo
todo. Cerca de 80% das pessoas com fibromialgia também apresentam dores de cabeça,
e já apresentavam a cefaléia antes da fibromialgia.
Dor de cabeça e crises
convulsivas:
Vários estudos comprovaram que
pessoas com enxaqueca têm maior risco de sofrer uma crise convulsiva,
principalmente se tiveram um tipo de enxaqueca que chamamos enxaqueca com aura,
onde além da dor de cabeça, apresentam junto com a cefaléia sintomas visuais,
como embaçamento, perda visual ou pontos brilhantes na visão e formigamentos no
corpo.
Déficits de atenção e problemas
de memória:
Queixas sobre déficit de atenção
são muito comuns em pessoas com dores de cabeça, tanto em crianças como
adultos. Ainda existem poucos estudos científicos sobre essa associação, porém
um estudo brasileiro pioneiro, realizado no Setor de cefaleias da UNIFESP,
demonstrou que, crianças com enxaqueca, quando comparadas com crianças sem
cefaleia, apresentaram maior dificuldade em atenção e memória. Alguns estudos
internacionais também encontraram essas dificuldades em adultos com cefaleia.
Tonturas:
Pessoas com dor de cabeça apresentam
com mais queixas de tonturas, rotatórias (vertigens) ou não, tanto na crise de
cefaleia ou mesmo fora dela. Tal situação favorece a ocorrência de diagnósticos
equivocados como labirintites e mudanças na pressão arterial e, como
consequência, tratamentos inadequados para pessoas com dor de cabeça.
Dor de cabeça e derrames
cerebrais:
Estão em grande evidência estudos
que encontraram uma maior associação entre a enxaqueca e doenças vasculares
como o infarto cardíaco, e principalmente os acidentes vasculares cerebrais
(AVC), chamados de derrames. E esse risco é ainda mais alto em pessoas com a
enxaqueca com aura, e em mulheres que tem enxaqueca e usam pílulas
anticoncepcionais e são fumantes. Se
você apresenta crises de dor de cabeça, principalmente a enxaqueca, deve
observar o aparecimento de outros sintomas ou doenças. A boa notícia é que o
tratamento da dor de cabeça, quando bem indicado, pode melhorar também as
doenças associadas. O mais importante é não deixar de lado o sinal de alerta
que é a cefaleia, achando que dor de cabeça é algo simples e corriqueiro. As
doenças associadas tendem a acontecer ainda mais em pessoas que apresentam
dores de cabeça frequentes ou há muito tempo.