* Cachoeira, 13 de dezembro de 1814
+ Rio de Janeiro, 20 de maio de 1880
Foi uma enfermeira brasileira e foi a pioneira brasileira da enfermagem.
Era filha de José Ferreira de Jesus e de Luísa Maria das Virgens. Casou-se com capitão-de-fragata Isidoro Antônio Nery (1837)*. O marido morreu em 1843, deixando-a com três filhos: Justiniano, Antônio Pedro e Isidoro Antônio Nery Filho. Dois filhos eram oficiais do Exército.
Ana Néri trocou a vida pacata de dona de casa em Cachoeira pela função de salvar vidas na Guerra do Paraguai.
Na manhã fria do recôncavo baiano, de 8 de agosto de 1865, Ana Néri, olhou demoradamente o retrato dos filhos e dos irmãos que partiram para a guerra. Vestida de luto fechado pela morte do marido, duas décadas antes, deixou os olhos, insones, vagarem pelas brumas da aflição e da saudade. Minutos depois, veio a centelha (divinamente humana) que resgataria toda uma vida do tédio e da acomodação. Com as mãos trêmulas, mas a mente impulsionada pela firme decisão dos obstinados, pegou a caneta e o papel.
Aos 51 anos de idade, viúva e católica praticante, a baiana Ana Justina Ferreira Néri tomou uma decisão histórica que construiu uma das mais belas páginas do heroísmo em meio à carnificina da Guerra do Paraguai (1865 -1870). Com tinta, pergaminho e sangue de mãe nas veias, escreveu a carta que iria mudar radicalmente a vida dela e iniciar a construção de uma das mais belas páginas do heroísmo brasileiro, forjada a ferro e fogo na Guerra do Paraguai (1865-1870), a mais sangrenta luta armada da América do Sul. Proprietária de fazendas de fumo, cana-de-açúcar e algodão, viúva recatada do Capitão-de-Fragata Isidoro Antônio Néri, fulminado por uma meningite cérebro-espinhal, Ana Néri poderia ter terminado sua vida como qualquer católica praticante, devota de Nossa Senhora da Conceição da Praia, se não tivesse atendido ao chamado da história.
Deixou prevalecer seu coração de mãe e decidiu acompanhar os filhos e os irmãos na maior luta armada da América Latina.

Mulher de fibra e garra, serviu de enfermeira voluntária, enfrentou a morte de perto para salvar muitas vidas, inclusive de inimigos da pátria, e se tornou um exemplo no mundo, como precursora da Cruz Vermelha no Brasil.
O governo imperial conferiu-lhe a Medalha Geral de Campanha e a Medalha Humanitária de primeira classe.
Faleceu no Rio de Janeiro aos 66 anos de idade.
Em sua homenagem foi denominada, em 1923, Anna Nery, a primeira escola oficial brasileira de enfermagem de alto padrão.

Tendo entrado na história como nossa primeira enfermeira voluntária, numa época em que ainda não havia profissional de nível universitário nessa área, a destemida filha da cidade de Cachoeira, no recôncavo baiano, foi quem mais contribuiu para que os brasileiros se conscientizassem do quão importante é a Enfermagem como profissão.
Hoje, Ana Néri é cultuada como a Patrona dos Enfermeiros do Brasil.
A rede Globo, a alguns anos atrás fez uma homenagem a Ana Nery, exibindo um episódio de Brava Gente Brasileira.
Filme Brava Gente, A História de Ana Neri: http://www.youtube.com/watch?v=nQJD-SjwPBc&feature=related