O
apoio matricial será formado por um conjunto de profissionais que não têm, necessariamente,
relação direta e cotidiana com o usuário, mas cujas tarefas serão de prestar
apoio às equipes de referência (equipe de Saúde da Família). Assim, se a equipe
de referência é composta por um conjunto de profissionais considerados
essenciais na condução de problemas de saúde dos clientes, eles deverão acionar
uma rede assistencial necessária a cada caso. Em geral é em tal “rede” que
estarão equipes ou serviços voltados para o apoio matricial de maneira a
assegurar, de modo dinâmico e interativo, a retaguarda especializada nas
equipes de referência (no caso, as equipes de Saúde da Família). Vale ressaltar
aqui que o Núcleo de Apoio a Saúde da Família (Nasf) está inserido na rede de
serviços dentro da Áreas Programáticas de Saúde assim como as equipes de Saúde
da Família, ou seja, ele faz parte da Áreas Programáticas de Saúde.
O
apoio matricial apresenta as dimensões de suporte: assistencial e
técnico-pedagógico. A dimensão assistencial é aquela que vai produzir ação
clínica direta com os usuários, e a ação técnico-pedagógica vai produzir ação
de apoio educativo com e para a equipe. Essas duas dimensões podem e devem se
misturar nos diversos momentos.
Fica
claro, portanto, que o conceito de apoio matricial tem uma dimensão sinérgica ao
conceito de educação permanente. Como exemplo, podemos lembrar o fato de que
não é possível a nenhum trabalhador em saúde esquivar-se de lidar em alguma
medida com os afetos nas relações terapêuticas, por mais que se trate de um tema
específico de psicólogos e psiquiatras. Cabe, portanto, aos profissionais da
área psi, quando percebem dificuldades de uma equipe nesse campo, exercitar a
dimensão técnico-pedagógica a partir das discussões de casos e temas, de forma
a compartilhar seu conhecimento específico com a equipe de Saúde da Família,
para que possa lidar com esse saber e fazer dele conhecimento de todos.
Uma
proposta fundamental do trabalho do Núcleo de Apoio a Saúde da Família é o de
que deve ocorrer a compreensão do que é conhecimento nuclear do especialista e
do que é conhecimento comum e compartilhado entre a equipe e o referido
especialista. Tal conhecimento, porém, é sempre situacional e mutante.
Outro
aspecto importante no processo de trabalho dos profissionais é a definição das tarefas
a serem estabelecidas e ajustadas entre gestor, equipe do Núcleo de Apoio a
Saúde da Família e equipe de Saúde da Família e que devem ser definidas e
detalhadas de forma cuidadosa, em função de uma construção compartilhada de
diretrizes clínicas e sanitárias e de critérios para acionar o apoio. Nessa
relação entre gestor, Núcleo de Apoio a Saúde da Família e equipe de Saúde da
Família, deve imperar a flexibilidade, tanto para os critérios como para as
próprias atividades do apoiador, ou seja, tudo isso deve ser considerado de
forma dinâmica e sempre sujeita a reavaliação e reprogramação. Essa é uma
tarefa importante dos gestores. Devem-se estar atentos também a: Explicitar e
negociar atividades e objetivos prioritários; definir claramente quem são os
seus usuários; avaliar a capacidade de articulação com as equipes
de Saúde da Família e o trabalho em conjunto
com elas; identificar as possíveis corresponsabilidades e parcerias; construir
e acompanhar as atividades mediante indicadores de impacto.
A
rigor, as equipes do Núcleo de Apoio a Saúde da Família terão dois tipos de
responsabilidades: sobre a população e sobre a equipe de Saúde da Família. Seu
desempenho deverá ser avaliado não só por indicadores de resultado para a
população, mas também por indicadores de resultado da sua ação na equipe. A
maior parte dos indicadores de resultado ajustados com equipes e com os
profissionais do Núcleo de Apoio a Saúde da Família é transitória.
O
conceito de apoio matricial e mais ainda sua prática constituem aspectos
relativamente
novos no âmbito do SUS, sendo sugeridas as
leituras complementares indicadas na seção específica.
Fonte: Brasil, Ministério da Saúde. Caderno de Atenção Básica, .27