24 de jul. de 2012

Fique por Dentro: Cirurgia Bariátrica

    A obesidade mórbida é o termo utilizado para definir uma doença adquirida, na qual o grau de obesidade faz com que doenças orgânicas ocorram ou sejam significativamente agravadas pelo excesso de gordura corporal, e tornam cada vez mais sérios os inconvenientes sociais e psíquicos decorrentes. Tem sido comprovado que a obesidade está fortemente relacionada com a hipertensão arterial, diabetes tipo II, arteriosclerose, ataques cardíacos, acidentes vasculares cerebrais, doenças pulmonares, artrites, cálculos de vesícula, hérnias, varizes e flebites, doenças cutâneas e traumatismos, apenas para citar as patologias mais comuns.
  A cirurgia bariátrica (baros = peso)que reduz o tamanho do estômago, também chamada de cirurgia da obesidade, consiste em um conjunto de técnicas cirúrgicas que visam à perda de peso do paciente e resolução de seus problemas médicos adicionais (comorbidades) causados pela obesidade mórbida. A cirurgia bariátrica não é uma cirurgia estética.
    Para ser bem-sucedido, o tratamento cirúrgico deve vir acompanhado de uma reeducação alimentar e de um estilo de vida mais ativo.

Existem três formas básicas de tratamento cirúrgico:

- através das técnicas restritivas;
- através das técnicas disabsortivas;
- através de técnicas mistas.

1 - O que são técnicas restritivas?
    São técnicas que limitam o volume de alimento sólido que o paciente ingere nas refeições. De uma forma geral, com estas técnicas o paciente come menos sólidos e pastosos e conseqüentemente emagrece. O resultado, no entanto, depende da colaboração do paciente pois alimentos líquidos podem ser ingeridos quase no mesmo volume que eram antes da operação e se forem muito calóricos irão atrapalhar ou até impedir a perda de peso. A banda gástrica ajustável, veja na figura abaixo é um método restritivo puro, realizado por videolaparoscopia (cirurgia minimamente invasiva), no qual se coloca um anel de silicone na porção superior do estômago. Este anel é ligado a um dispositivo que fica implantado no subcutâneo (gordura da barriga) que pode ser facilmente acessado por uma agulha, por onde se injeta soro, ajustando o nível de constricção.

2 - O que são técnicas disabsortivas?

    São técnicas que permitem ao paciente comer, no entanto atrapalham a absorção dos nutrientes e com isto levam o obeso ao emagrecimento. São, em geral muito bem sucedidas quanto ao emagrecimento, que pode chegar a 40% do peso original, no entanto tem necessidade de controle mais rígido quanto a distúrbios nutricionais, de elementos minerais e vitaminas.
   Vem se tornando cada vez mais popular devido à qualidade de vida que traz ao paciente. Estas operações são conhecidas como "desvios do intestino", pois desviam uma boa parte do caminho que os alimentos têm que passar, desta forma fazendo um circuito menor e propiciando uma absorção menor dos nutrientes.

3 - E as técnicas mistas ?
    São técnicas que associam um pouco de restrição a ingesta do bolo alimentar com um pouco de disabsorção, ou seja um desvio intestinal menor.
    Atualmente a técnica mais utilizada é a que consiste em uma redução do estômago através de grampeamento. O estômago é dividido em duas partes: uma menor (30ml) que será por onde o alimento irá transitar e outra maior que ficará isolada. Este pequeno estômago é então ligado ao intestino para que o alimento possa seguir seu curso natural. Todas as secreções do estômago separado serão levadas a uma nova costura do intestino feita adiante do intestino que é costurado no estômago.  Esta técnica além de limitar o volume do que entra também limita a velocidade de esvaziamento do estômago, pois é aplicada uma banda de contenção.
   Todas as cirurgias disabsortivas têm riscos e complicações a curto e longo prazo. É muito importante discutir com seu médico sobre estas complicações e o que pode ser feito para preveni-las.

É necessário abrir o abdome para realizar estas cirurgias?
   Não, atualmente cirurgias para obesidade são realizadas por videolaparoscopia. Ela é realizada através de 6 ou 7 pequenos cortes no abdome.
   As principais vantagens desta via de acesso são que: (a) não há risco de desenvolver hérnia no corte cirúrgico;(b) não há risco de complicações da incisão cirúrgica no pós-operatório como infecção ou seroma (quando gordura liquefeita se junta embaixo da pele sob o corte); (c) esteticamente deixa menos cicatriz e (d) o tempo de retorno às atividades é mais curto.
   Somente em algumas situações especiais não é possível realizar a cirurgia por via laparoscópica, como em pessoas que foram submetidas a cirurgias abdominais prévias.

Indicações para a Cirurgia Bariátrica

    - Portadores de obesidade mórbida com IMC ≥ 40 kg/m2, sem comorbidades, que não responderam ao tratamento conservador (dietas, psicoterapia, atividades físicas, etc.), acompanhados por pelo menos dois anos.
   - Portadores de obesidade mórbida com IMC ≥ 40 kg/m2 com comorbidades que ameaçam à vida.
   - Pacientes com IMC entre 35 e 39,9 kg/m2 portadores de doenças crônicas desencadeadas ou agravadas pela obesidade.
   - Excluir obesidade decorrente de doença endócrina que deve ser tratada clinicamente ou cirurgicamente e não por cirurgia bariátrica. Por exemplo, Síndrome de Cushing devida a hiperplasia supra-renal.
   - O limite da faixa etária recomendado está entre 16 a 60 anos.
   - O tratamento cirúrgico não deve ser realizado antes da epífise de crescimento estar consolidada nos jovens.
 
   - Os muito idosos, por sua vez, podem ter um aumento das taxas de morbi-mortalidade com o tratamento cirúrgico.
   - Capacidade intelectual para compreender todos os aspectos desse projeto bem como dispor de suporte familiar constante.
   - Compromisso com o seguimento posterior, que deve ser mantido indefinidamente, pois a falta deste acompanhamento é uma das causas de complicações graves e, às vezes, fatais.
   - Ausência de distúrbios psicóticos graves, história recente de tentativa de suicídio, alcoolismo e dependência química a outras drogas. Pacientes com antecedentes de alcoolismo e dependência química a outras drogas devem ser submetidos à cuidadosa avaliação psíquica e liberação por psiquiatra.

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